Por Vinicius Fantezia
Triângulo da Tristeza (Triangle of Sadness, no original), de Ruben Östlund, chega aos cinemas com três indicações ao Oscar: de Melhor Filme, Roteiro e Direção.
Sua estreia mundial aconteceu no Festival de Cannes, onde levou a Palma de Ouro. Desta forma, o longa percorreu uma trajetória bem interessante de festivais até chegar às telas brasileiras. Aqui no Brasil, sua primeira exibição foi na Mostra Internacional de São Paulo.
O diretor Ruben Östlund parece ter virado um especialista em levar o principal prêmio da Croisette. Nas últimas cinco edições realizadas, ele levou o prêmio em duas. Esse retrospecto coloca o diretor sueco em um lugar muito especial aos olhos do público. Seu olhar provocador, sempre rompendo com estratos sociais, parece ter virado uma característica marcante do seu trabalho.
O filme se passa em um cruzeiro de alto luxo, onde diversos milionários, figuras conhecidas e outros personagens pouco ortodoxos, expõem o pior da natureza humana. Assim como em The Square (que deu a primeira Palma de Ouro a Östlund), no qual a crítica é direcionada ao mundo da arte, aqui em Triângulo da Tristeza o alvo principal é o mundo imagético.
O casal de protagonistas traz uma imagem caricata do que nos cerca nos tempos atuais. Ambos são modelos e belíssimos, e vivem uma relação quase de conveniência, em que o mais importante é se exibirem um com o outro, uma forma de causar inveja e desejos reprimidos no mundo dos “meros mortais”.
O capitão do navio é um capítulo à parte na história, com grande atuação de Woody Harrelson vivendo um personagem bastante excêntrico. Alcoólatra e marxista, ele nos proporciona ótimos diálogos naquele meio onde ele foi parar, que é fruto de um capitalismo tão predatório.
Ao longo da trama, o cenário que parecia ser de extremo conforto para a trupe de ricaços, passa por uma reviravolta que os colocará isolados e perdidos em uma ilha deserta. Com isso, uma nova hierarquia social se forma, o que levará o público a repensar o mundo de luxo e comodidade que tanta gente sonha alcançar.
Triângulo da Tristeza ainda serve como uma memória audiovisual da protagonista Charlbi Dean. Poucos meses após a exibição do filme em Cannes, a atriz sul-africana teve uma morte súbita completamente avassaladora. Isso torna o filme uma bonita homenagem póstuma, dado o componente trágico de sua partida.
Não perca essa preciosa obra do diretor sueco, um longa que nos apresenta inúmeras referências e traz componentes singulares para o espectador. O filme estreia nos cinemas de todo o Brasil, e chega cercado de expectativa por parte do público e da crítica.
Estreia 16.02.2023
Pré-estreia 09.02.2023
Dir. Ruben Östlund Suécia/França/ | Grécia/Dinamarca | Comédia | 139min.
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