Por Pedro de Rosis
Sofia Coppola nos traz mais uma bela, íntima e poderosa obra, tendo como protagonista Priscilla Presley. O filme não é uma biografia que conta os acontecimentos de sua vida, mas sim a exploração de memórias e sensações, numa recriação do que poderia ser seu universo. Essas são evocadas pela diretora através do livro Elvis e Eu, escrito pela própria Priscilla, e por um processo de troca entre ambas. Assim, essa não é uma história sobre, mas contada através de Priscilla e por Sofia.
Em Priscilla, quem dá vida à personalidade é Cailee Spaeny, atriz que você pode ter visto em Suprema, Vice e Maus Momentos no Hotel Royale. Com apenas 25 anos, e grande fã da diretora, ela exaltou a maneira notável com que Sofia capta a solidão: “É mágica. Não sei exatamente como ela faz, mas não consigo pensar em outro cineasta que realmente identifique isso da mesma forma”.
Ambas rapidamente se alinharam ao propósito do filme. Elas pretendiam olhar para além da fachada de conto de fadas do namoro com Elvis. “O que me impressionou ao ler o livro foram os momentos em que você a vê tendo que guardar segredos e viver essa vida dupla, e como isso foi doloroso”, completa Cailee.
Com tom melancólico e visual impressionante, o filme tem fotografia assinada por Philippe Le Sourd, que já colaborou anteriormente com a diretora. A arte ficou por conta de Tamara Deverell, recentemente indicada ao Oscar por Nightmare Alley. Os figurinos são um destaque à parte, funcionando como ferramentas que podem comunicar paisagens emocionais complicadas, e ampliando a imagética impecável do conjunto. Em Priscilla, mesmo a mansão que é Graceland, embora saibamos da sua amplitude, parece pequena e opressora.
Priscilla tinha apenas 14 anos quando foi apresentada a Elvis, de 24, durante uma festa em 1959. Eles permaneceram como um casal por mais de uma década formando uma família, antes do divórcio em 1973. O relacionamento foi marcado não só pela diferença de idade, mas por regras e ordens, distância e reclusão, dentre outras particularidades.
Jacob Elordi interpreta o rei do rock. Mas, diferente do filme de 2022 dirigido por Baz Luhrmann, aqui não vemos o astro nos palcos ou nos estúdios. Na verdade, bem longe disso. Nem suas músicas fazem parte da trilha, o que não deve ser visto como uma omissão, mas sim como uma escolha artística para a narrativa. Segundo Sofia Coppola, o ator tem carisma suficiente para encarnar um ídolo dos adolescentes. “Aqui, não temos o Elvis performer, então era preciso alguém que mostrasse sua sensibilidade e vulnerabilidade”, disse a diretora. Jacob, por sua vez, afirmou que a experiência não o assustou: “Não foi tão estressante, eu tive a sorte de trabalhar com Sofia. E, como ator, você quer o desafio”.
O filme teve ótima recepção no mais recente Festival de Veneza, recebendo 94% de aprovação no site Rotten Tomatoes e levando o estúdio A24 a replanejar sua estratégia de lançamento, o que elevou ainda mais as expectativas no mundo inteiro. Se você também não vê a hora de descobrir mais dessa fascinante história, Priscilla chega aos cinemas brasileiros em 4 de janeiro!
Pré-estréia a partir de 21 de dezembro e estreia oficial programada para o dia 04 de janeiro nos cinemas.
Confira o trailer
Priscilla | Estreia 04.01.2024 | Dir. Sofia Coppola | EUA | 113 min | Drama
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