Por Vivi Isoda
Em um balcão de bar, com iluminação baixa, no estilo Amor à Flor da Pele, o lindo filme de Wong Kar-Wai, três pessoas conversam: uma mulher e um homem asiáticos, mais um homem ocidental. Não ouvimos a tal conversa, mas sim um som off de alguém que está, como nós, tentando decifrar a cena. O homem ocidental parece deslocado do assunto. A câmera, então, se aproxima da mulher, que está no centro de tudo, ela direciona o olhar para a lente, a quarta parede é quebrada, e corta! Na cena seguinte, voltamos ao passado. Iremos a exatos 24 anos atrás, em Seul, para entender e nos deleitar com essa bonita história de amor entre dois dos personagens do bar.
Imigração, pertencimento, sonhos, carreira, amor, família, escolhas, vida, vidas passadas. “Se você abandona uma coisa, acaba ganhando outra”. Com essa frase a diretora Céline Song nos dá o tom que permeia toda a história do longa, que transmite um misto de tristeza e alegria e pode deixar o espectador reflexivo por alguns dias.
Primeiramente, o drama conta a história de Na Young (Greta Lee), uma garota de espírito livre e decidida que sonha ser escritora, como seu pai, e que está apaixonada pelo amigo de escola. No entanto, a família dela se mudará em breve para o Canadá. Com isso, Na Young, de apenas 12 anos, se tornará Nora Moon e terá que deixar seu primeiro amor, Hae Sung (Teo Yoo), na Coreia do Sul.
Em dois tempos de 12 anos, vemos a evolução dos dois personagens. Na Young e Hae Sung crescem em países muito distantes, mas estão predestinados a se encontrar. Existe uma palavra em coreano para isso: “in-yun”, que significa “destino”, em tradução livre. Acredita-se que, de certa forma, o termo pode representar o encontro de duas almas ao longo de suas existências, e quando acontece um contato entre elas – como um leve roçar das roupas ao passarem uma pela outra na rua –, é um sinal de que elas já estiveram juntas em vidas passadas.
Esse é o primeiro filme da diretora coreana/canadense Celine Song. E, assim como a protagonista, ela morou na Coreia do Sul até os 12 anos, quando sua família se mudou para o Canadá. Hoje, Celine mora nos EUA e é casada com o escritor americano Justin Kuritzkes.
Com indicações de Melhor Roteiro, Melhor Direção e Melhor Atriz (para Greta Lee) no Globo de Ouro 2024, você está prestes a ver um filme original, belíssimo e com muitas camadas de profundidade. Os mais sensíveis podem, sim, cair em prantos. Para garantir, leve um lencinho e fique até o fim dos créditos, pois a música que toca é perfeita.
Confira o trailer
Estreia 25.01.2024 | Dir. Celine Song | E.U.A/Coreia do Sul | Drama | 106 min.
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