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Brado - Na Natureza Selvagem

Por Marina de Castro Alves


Com direção e atuação de Kim Rossi Stuart, um dos principais nomes do atual cinema italiano, Brado trata das relações familiares, um tema caro ao diretor. Nos seus dois filmes anteriores os laços familiares também guiavam os enredos: em Estamos Bem Mesmo Sem Você (2006) acompanhamos um pai que precisa criar sozinho os dois filhos pequenos após o abandono da esposa e, dez anos depois, em Tommaso (2016) o protagonista de Rossi Stuart é um homem recém-separado que busca seu lugar no mundo.


Como em seus filmes anteriores, Rossi Stuart também atua. Aqui ele é Renato, um homem que vive numa fazenda isolada com o filho, Tommaso (Saul Nanni), e a filha, Viola (Federica Pocaterra), que, com o tempo, o abandonam. Agora, ele precisa que Tommaso volte para ajudá-lo a domar um cavalo selvagem.


Estamos em uma zona rural da Itália, para onde Renato se mudou decidido a morar em uma fazenda herdada de seu pai. O título “Brado” refere-se ao nome da fazenda e é um adjetivo italiano (“selvagem”) que reflete com precisão a natureza do protagonista. Após ter caído de um cavalo enquanto tentava treiná-lo para corridas, Renato está cuidando de uma fratura que o impede de cavalgar. O filho Tommaso, de 20 anos (que tem o mesmo nome do protagonista do filme anterior de Rossi Stuart), junta-se a ele na fazenda, apesar de não ter contato com o pai há alguns anos.


O rapaz, mesmo não estando muito a fim, concorda em domar o cavalo no lugar de Renato, e esse compromisso apaixonado o aproxima do pai endurecido que lhe proporcionou uma infância feliz, cheia de passeios noturnos a cavalo. Isso antes do relacionamento destrutivo de Renato com a mãe de Tommaso o impedir de ser um bom pai. Os obstáculos ao longo do caminho percorrido pelo cavalo são os mesmos, metaforicamente, que aqueles que precisam ser superados pelos dois homens no caminho da reconciliação. No caso, não apenas reconciliação entre si, mas também uma autorreconciliação. O jovem ainda precisa se libertar de um relacionamento tóxico, o que está muito próximo de acontecer com a chegada de Anna (a estreante Viola Sofia Betti), uma bela campeã de equitação que o ajudará a domar o cavalo.


Com planos gerais contemplativos das paisagens de cair o queixo, acordes de guitarra country e os atritos e dilemas entre pai e filho, o cavalo e a corrida acabam por funcionar quase como pano de fundo, elevando o fio geracional que tende a romper-se no coração pulsante de todo o filme. Com destaque especial para a interpretação de Saul Nanni, Brado é um filme forte e emocionante, que deve ser visto no cinema!


Confira o trailer



Brado | Estreia 26.10.23 | Dir. Kim Rossi Stuart | Itália | Drama | 117 min

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