The Rocky Horror Picture Show
- Lucas Viana
- há 1 dia
- 2 min de leitura
Cinquenta anos da insurreição pélvica
Por Lucas Viana
O universo grandioso, espetacular e artificial dos musicais não agrada a todos. Mas, se existe uma exceção a esta “regra”, ela é certamente The Rocky Horror Picture Show, filme de Jim Sharman que completa 50 anos em 2025. Esta obra despretensiosa e ousada é um cânone obrigatório da experiência cinéfila queer.
Quando Richard O'Brien (que também interpreta o personagem Riff Raff) escreveu a primeira versão de palco deste musical, sua intenção era tão somente se divertir durante as três semanas em que o espetáculo ficaria em cartaz. Mal sabia ele que se tratava do início de um fenômeno que tomaria o mundo e se perpetuaria através das décadas futuras.
A história do filme começa quando o casal Janet e Brad (Susan Sarandon e Barry Bostwick) vai parar no castelo do Dr. Frank N. Furter (Tim Curry) por conta de um pneu furado. Eles chegam ao lugar inóspito de madrugada, durante um estranho ritual alienígena dos habitantes de “Transsexual”, um planeta situado na galáxia “Transylvania”. A trama segue debochada e grotesca conforme o casal “normalopata” se depara com a extravagância desse cientista maluco, que está prestes a criar um brinquedo sexual perfeito: um homem musculoso, bronzeado e loiro, “embrulhado” em uma sunga dourada.
Além de toda a bufonaria do roteiro — que serve como metáfora para o encontro do mundo heteronormativo e sexualmente reprimido com o pulsante universo queer dos anos 1970 —, o filme é inundado de referências a antigas ficções científicas e filmes B, como O Homem Invisível (1933), A Ameaça Veio do Espaço (1953), Planeta Proibido (1956), Frankenstein (1931), entre outros. Em uma das cenas, a clássica vinheta da RKO Radio Pictures ganha vida como cenário de um dos momentos mais emblemáticos do filme.
Essa deliciosa mistura criou uma obra audaciosa que, inicialmente, não desempenhou bem nas salas de cinema tradicionais. No entanto, diversos fãs passaram a ir fantasiados repetidas vezes às sessões da meia-noite, criando um senso de comunidade. Nascia, então, um novo cult — ou seja, uma obra cultuada por fãs aguerridos, que sabiam as falas, músicas e coreografias de cor.
Não por acaso, The Rocky Horror Picture Show é o filme que está em cartaz há mais tempo na história, em exibição semanal contínua desde sua estreia, em 1975, no cinema Museum Lichtspiele, em Munique. Além disso, ele é figurinha carimbada nas programações anuais de Halloween, em sessões animadas que permitem que os fãs cantem e dancem junto ao filme.
Agora, o filme é relançado nas salas de cinema em um mundo que ainda precisa do antídoto anticaretice criado por Richard O'Brien. Para quem ainda não viu, este é o momento ideal para se entregar aos “impulsos pélvicos” que enlouquecem fãs e conquistam novos públicos há meio século.
Confira o trailer
The Rocky Horror Picture Show | Estreia 13.11.2025 | Dir. Jim Sharman | EUA/Reino Unido | Comédia/Musical/Terror | 100 min.








Comentários