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Belas Sonoriza junta filme com música ao vivo no escurinho do cinema


O projeto Belas Sonoriza completa três anos, com todas as sessões lotadas e repertório que vai de Pink Floyd ao som de Laikabot, banda paulistana de rock alternativo que tocou recentemente em sessão da animação japonesa "Ghost in the Shell".


Desde a sua primeira edição, em dezembro de 2019, com projeção de O Mágico de Oz acompanhado de trilha ao vivo com músicas de Dark Side of The Moon, o clássico álbum do Pink Floyd, o Sonoriza já emocionou muitas plateias no cinema Petra Belas Artes.

Embora hoje seja possível contar com aparatos e tecnologias para tornar a experiência rica em efeitos, o Sonoriza tem como inspiração as projeções cinematográficas anteriores ao início do cinema falado, uma grande revolução que aconteceu em 1927, com o filme O Cantor de Jazz. Até então, as sessões eram animadas por música ao vivo quase sempre executada por um pianista solitário.


André Sturm, da equipe de programação do Petra Belas Artes, reitera que o Sonoriza foi criado justamente para isso, para resgatar as primeiras emoções do cinema com acompanhamento musical, como aconteciam há um século. “Pensei que poderíamos recuperar essa experiência, mas de forma inovadora, apresentando filmes marcantes, clássicos e contemporâneos, com uma trilha ao vivo que tanto pode ser a composição original ou outro repertório que combine com o clima da obra”, diz ele.


Mas nada melhor do que conferir o Sonoriza pessoalmente. Aí, sim, podemos relatar com maior propriedade o que de fato acontece nessas apresentações. No dia 27 de novembro, a equipe do Lanterninha teve acesso à exibição do clássico do expressionismo alemão O Gabinete do Dr. Caligari (1920), de Robert Wiene, musicado pelo pianista Tony Berchmans, que também é compositor, produtor musical, e autor do livro A Música do Filme – Tudo o que Você Gostaria de Saber Sobre a Música de Cinema. Desta vez, Tony não era um pianista solitário no escurinho do cinema. Ele estava acompanhado de Richard Ribeiro, baterista convidado, conhecido por acompanhar artistas como Marcelo Jeneci, Marcelo Camelo, Céu e Tulipa Ruiz, entre vários outros.


E o resultado, como foi? A coisa mais linda, muito além do que se poderia imaginar! Sim, foi algo inexplicável, como se os quase 300 espectadores da sala 2, Leon Cakoff, a segunda maior do Petra Belas Artes, ficassem extasiados ao mesmo tempo, tão logo foram emitidas as primeiras notas do piano e da percussão, em sincronia com as imagens góticas do clássico alemão.


Os dois músicos, posicionados abaixo da tela, receberam uma iluminação discreta e sob medida, para que o espectador pudesse apreciar a performance deles sem se dispersar da ação do filme. Tudo perfeito do início ao fim, com música e filme conversando em perfeita sintonia. Do público não se ouviu nada além de suspiros e algumas fungadas isoladas (sim, teve quem desse uma choradinha de emoção).


Ao final dos 71 minutos do filme, com a ajuda das notas mais altas executadas por Tony e Richard, a plateia pareceu acordar do estado de hipnose emanado pelo Dr. Caligari, e aí o som que preencheu a grande sala foi outro, o de aplausos, gritos e assobios que pareciam não ter fim. Com tamanho sucesso, os ingressos para o Sonoriza esgotam num estalar de dedos e, atendendo a pedidos, o Petra Belas Artes já se acostumou a programar apresentações extras. Por tudo isso, encerramos nosso relato gritando em alto e bom som: viva o Belas Sonoriza!


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