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Eddington

O retrato satírico do caos pandêmico

Por Emily Almeida

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Mesmo com o trauma da COVID-19 ainda recente, Ari Aster decide reviver esse tema em Eddington, seu novo longa, retratando-o como uma espécie de batalha política, com fortes elementos do gênero faroeste e uma pitada de humor. O filme teve estreia no Festival de Cannes 2025 e foi lançado mundialmente logo em seguida.


Na trama, acompanhamos a rotina do xerife Joe Cross — interpretado por Joaquin Phoenix, que já havia trabalhado anteriormente com Aster em Beau Tem Medo. Ele é o típico homem americano negacionista que, em um período pandêmico, rejeita o uso da máscara — método que, na época, era o mais eficaz na prevenção do o novo coronavírus. Cross também manifesta livremente suas opiniões nas redes sociais, que se torna um dos principais cenários ao longo da história. É justamente por esse posicionamento questionável que ele entra em conflito com sua esposa, Louise (Emma Stone), e consequentemente com sua sogra, Dawn (Deirdre O’Connell), que passa a maior parte do tempo lendo teorias da conspiração na internet sobre o conturbado período que todos enfrentam. Sua filha, por sua vez, apresenta uma saúde mental bastante delicada.


Além dos conflitos familiares, Cross se vê envolvido em uma disputa política com o prefeito da cidade, Ted Garcia (Pedro Pascal), pelo cargo da prefeitura. Durante uma das discussões entre os dois, o filme nos apresenta uma das cenas mais simbólicas: ambos se encaram em postura de pistoleiros de faroeste, mantendo, no entanto, a distância recomendada pela pandemia em pleno auge de 2020. Essa sequência evidencia a proposta de Aster de mesclar o gênero faroeste com humor e crítica social, refletindo de forma irônica e provocativa o caos vivido pela humanidade.


Enquanto isso, a população da pequena cidade de Eddington encontra-se em estado de alerta. As pessoas estão à flor da pele, levantando debates e ideologias divergentes, muitas vezes de maneira violenta e colocando a própria comunidade em risco — comportamento claramente provocado pelo estresse do lockdown e pelo medo do desconhecido, já que a história se passa nos primeiros meses da pandemia.


Podemos afirmar que o início de 2020, com o surgimento desse vírus desconhecido, moldou profundamente a forma como nos comportamos, repensamos nosso posicionamento político e até como consumimos informações. Foi também o período em que surgiu uma grande onda de fake news, o que nos forçou a aprender a filtrar o que chega até nós. O cinema, por sua vez, reflete essas transformações — e Eddington mostra como a arte continua se reinventando conforme a humanidade enfrenta seus períodos mais desafiadores.


Confira o trailer



Eddington | Estreia 13.11.2025 | Dir. Ari Aster | EUA/Reino Unido/Finlândia | Faroeste/Comédia/Drama | 148 min.

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