top of page

Festival de Cannes em uma de suas melhores seleções

Por Leo Mendes


Depois de uma longa espera pela Seleção Oficial do Festival de Cannes 2023, que acontecerá de 16 a 27 de maio, o animado mundo do cinema, enfim, recebeu uma poderosa lista de 19 diretores indicados à Palma de Ouro. Dentre eles há 17 veteranos e apenas dois nomes estreantes na tão prestigiada relação. E nesse meio há alguém que já ganhou a Palma? Sim, pelo menos cinco deles: o inglês Ken Loach, que este ano chega com o drama The Old Oak, é o campeão da turma, dono da consagração máxima por Ventos da Liberdade (2006) e Eu, Daniel Blake (2016). Fazendo companhia a ele, com uma Palma cada, temos o italiano Nanni Moretti, que venceu há 22 anos com o emocionante O Quarto do Filho (2001), e agora vem com a comédia Il Sol dell’Avvenire (A Brighter Tomorrow); o turco Nuri Bilge Ceylan, presença frequente na seleção do festival, ganhador da Palma com Winter Sleep (2014), agora nos traz About Dry Grasses; o alemão Wim Wenders, que vem causando expectativa com o seu recém-finalizado Perfect Days, quase 40 anos depois de conquistar Cannes e o mundo com o belíssimo Paris Texas (1984); e o japonês Hirokazu Kore-eda chegando com o suspense Monster, diretor consagrado em sua quarta participação no Festival pelo maravilhoso Assunto de Família (2018).


Sem nenhuma Palma no currículo (por enquanto!), estão de volta os americanos Wes Anderson e Todd Haynes, o finlandês Aki Kaurismäki, a tunisiana Kaouther Ben Hania (conhecida no Brasil por O Homem que Vendeu Sua Pele), a austríaca Jessica Hausner, o chinês Wang Bing, o vietnamita Tran Anh Hung (do cult O Cheiro do Papaia Verde), as francesas Catherine Breillat e Justine Triet; os italianos Marco Bellocchio e Alice Rohrwacher; e, finalmente o brasileiro Karim Aïnouz, estreando na disputa pela Palma de Ouro com Firebrand, depois de três passagens em mostras paralelas do Festival, a última delas com A Vida Invisível (2019), exibido na mostra Un Certain Regard, a segunda mostra competitiva do evento, da qual saiu vencedor.


E quem são os novatos da vez? Teremos o inglês Jonathan Glazer (de Reencarnação, com Nicole Kidman) apresentando The Zone of Interest, ele que realizou videoclipes antológicos para bandas e artistas como Radiohead, Jamiroquai, Massive Attack e Nick Cave. Junto a ele vem a franco-senegalesa Ramata-Toulaye Sy, entrando para a competição com Banel & Adama, seu primeiro longa-metragem como diretora, um jeito lindo de marcar sua história no cinema.


Com esse interessante histórico de participantes, não podemos deixar de citar o presidente do júri: o diretor sueco Ruben Östlund. O próprio que ganhou a Palma de Ouro duas vezes, com filmes consecutivos, The Square (2017) e Triângulo da Tristeza (2022).


Pouco ou nada se sabe ainda sobre as dezenas de longas-metragens presentes nesta 76ª edição do festival de cinema mais importante do mundo, mas Il Sol dell’Avvenire, o representante de Nanni Moretti, já tem trailer divulgado internacionalmente, e trata-se de uma comédia de época situada no mundo do circo, entre os anos 1950 e 1970, acompanhando a vida de um casal na faixa dos 50 anos, interpretado pelo francês Mathieu Amalric e pela italiana Margherita Buy. E quer saber a melhor parte? O filme já tem distribuição garantida no Brasil pela Pandora Filmes!


Mas as grandes atrações deste ano não se restringem apenas aos concorrentes à Palma de Ouro. Nas mostras paralelas e nas sessões especiais há muita coisa boa para ficar de olho, como o brasileiro A Flor do Buriti (mostra Un Certain Regard), dirigido pela paulista Renée Nader Messora e pelo português João Salaviza; Killers of the Flower Moon (fora de competição), de Martin Scorsese; Kubi (Cannes Première), do ator e diretor japonês Takeshi Kitano; e Cerrar Los Ojos (Cannes Première), do espanhol Victor Erice, o mesmo do adorável clássico O Espírito da Colméia (1973).


No decorrer destas duas semanas de festival, a nova expectativa será outra: quem serão os grandes vencedores? Palpites à parte, a resposta concreta só virá em seu último dia. E como dizer “que vença o melhor” com tantos “melhores” de uma só vez?

bottom of page