Grampeando mensagens do futuro
Por Rebecca Rocatto
Já imaginou poder viajar no tempo, agendar a data do show de um artista que você sempre quis ver ao vivo e, ainda, assisti-lo antecipadamente em uma pequena tela de transmissão? Essa é uma das propostas do filme irlandês Máquina do Tempo. O diretor Andrew Legge chega com uma trama inovadora, capaz de nos fazer pensar se as coisas realmente são o que parecem ser.
Com trama situada no início da Segunda Guerra Mundial, em 1940, as irmãs Thomasina (Emma Appleton) e Martha (Stefanie Martini), vivem em uma mansão em Sussex, na Inglaterra, quando – talvez sem querer, talvez por obra do destino – inventam uma máquina que as leva a qualquer época ou lugar do futuro. Pense o que seria descobrir, antes de todos, a genialidade de David Bowie ou o cinema visionário de Stanley Kubrick! Tudo caminha para que os meios tenham um fim certo, enquanto Martha descobre que pode ajudar seu país contra os ataques que antecedem uma ameaça nazista.
Com fotografia captada em negativo preto e branco, com marquinhas de “filme antigo” calculadamente produzidas, temos aqui uma história sólida e lúcida, que nos faz viajar entre os acontecimentos que, mais adiante, mudariam (ou não) o mundo. Com esse poder de previsibilidade em mãos, tudo parece estar a favor das irmãs, as únicas a saberem pelas ondas do “rádio do futuro” as estratégias do exército alemão, e, talvez, intervirem para que elas não se concretizem. Esse enredo de ficção científica, no entanto, nos leva a questionamentos mais profundos. Por exemplo, o que fazer quando a moralidade se choca com a realidade dentro do âmbito político e social?
A descoberta de quem seria Adolf Hitler, uma nova chance para o amor, as decisões que, em questão de segundos, poderiam afetar toda a humanidade. Nesse clima de suspense, seguramos a respiração quando algo sai do controle e esperamos ansiosamente que as coisas realmente possam mudar, com a ajuda daquela invenção tão despretensiosa quanto promissora e arriscada.
Com uma câmera posicionada em um dos cômodos e, às vezes, nas mãos das atrizes, sentimos a adrenalina de fazer parte de uma utopia. É impressionante perceber como a fantasia e o suspense se misturam com acontecimentos reais, mantendo o espectador completamente envolvido, do início ao fim.
Então, diante da tela, nos damos o direito de imaginar se estaríamos aqui hoje, caso as intenções diabólicas de certos ditadores não tivessem sido impedidas de alguma forma. E, ainda, concluir que nosso cantor favorito, por pouco, também poderia nunca ter nascido. Prepare seu espírito para embarcar numa espiral de emoções da qual você vai querer sair invencível, junto com as geniais heroínas Thom e Mars.
Confira o trailer
Máquina do Tempo | Estreia 13.03.2025 | Dir. Andrew Legge | Irlanda/Inglaterra | Ficção científica 79 min.
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